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segunda-feira, 4 de abril de 2011


Custos da Obesidade no Brasil e no Mundo



Dra. Maria Edna de Melo - ABESO

A crescente prevalência da obesidade no Brasil e no mundo determina elevação da morbimortalidade nos pacientes e,consequentemente, maiores custos diretos e indiretos. A avaliação desses custos engloba aspectos tanto diretamente relacionados aos serviços de saúde como aos outros setores da sociedade (cuidados preventivos, consultas médicas, consumo de medicamentos, internação hospitalar, exames diagnósticos e cirurgias), e aqueles indiretamente relacionados e que dizem respeito ao impacto sobre a qualidade de vida e a produtividade (presenteísmo e absenteísmo, morbidades associadas, tempo de lazer perdido e mortalidade). Todos esses fatores têm consequências econômicas relevantes, daí a obesidade ser um importante problema de saúde pública com forte impacto na economia de um país. As estimativas de custos diretos para o sistema de saúde no Brasil atribuídas ao excesso de peso e às doenças a ele associadas são semelhantes aos valores observados em países desenvolvidos.

Custos da Obesidade no Mundo


 A obesidade leva a um aumento substancial na utilização dos recursos de saúde com elevados custos econômicos, uma vez que contribui para a carga global de doenças crônicas e incapacidade. Os custos da obesidade e suas consequências negativas para a saúde foram estimados entre 0,7% a 7,0% dos gastos nacionais com saúde em todo o mundo.

Os custos relacionados à obesidade podem chegar a 7,0% do gasto nacional com saúde.

Na China, entre os anos de 2002 e 2003, o custo médico direto das doenças crônicas atribuíveis ao sobrepeso e à obesidade (hipertensão, diabetes tipo 2, doença coronariana e acidente vascular cerebral) foi estimado em 21,11 bilhões de yuans (cerca de 2,74 milhões de dólares), representando 5,5% do total dos custos médicos para as quatro doenças crônicas ou 3,7% do total nacional de despesas médicas.
Um estudo australiano avaliou os custos de cuidados de saúde, comparando os custos mencionados com o Índice de Massa Corporal (IMC) classificado como normal, sobrepeso e obeso, em cinco anos. Ficou demonstrado que o custo total anual por pessoa acima dos 25 anos e com IMC normal foi de 1.472 dólares; já o custo com os indivíduos classificados como obesos foi de 2.788 dólares. Em 2005, o custo direto total para os australianos com idade acima de 30 anos foi de 6,5 bilhões de dólares para os classificados com sobrepeso, e 14,5 bilhões de dólares para os obesos. Os custos adicionais diretos anuais devido ao sobrepeso e à obesidade ficaram em torno de 10,7 bilhões de dólares.
Nos EUA, de acordo com um estudo dos custos nacionais atribuídos ao sobrepeso e à obesidade, as despesas médicas relativas a esses agravos foram responsáveis por 9,1% do total de todas as despesas médicas para o ano de 1998, chegando a 92,6 milhões de dólares em 2002. Os gastos com obesos mórbidos são 68% maiores quando comparados com indivíduos de peso normal. Dependendo da fonte utilizada nos estudos desta metanálise, o total nacional, nos EUA, de gastos com saúde nos custos médicos diretos relacionados ao excesso de peso varia entre 5,0% a 10%.

Os gastos diretos relacionados com a obesidade representarão pelo menos um terço dos gastos com cuidados de saúde nos EUA em 2018, caso sejam mantidas as previsões no aumento da prevalência.

Custos da Obesidade no Brasil

Sichieri et al. realizaram estudo sobre os custos de hospitalização relativos ao sobrepeso e à obesidade e doenças associadas no Brasil referentes ao ano de 2001. Os valores foram estimados por dados das hospitalizações de homens e mulheres de 20 a 60 anos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS), indicando um total de custos equivalente a 3,02% dos custos totais de hospitalização, para os homens, e 5,83%, para as mulheres. Os resultados correspondem a 6,8% e 9,3% em relação aos demais motivos de hospitalização (excluindo as gestantes).

Custos da Obesidade na Infância e Adolescência

Os custos econômicos da obesidade nessa faixa etária são significativos, como observado em estudo de Berg et al.. Entre os anos de 1979 e 1981, o custo anual de hospitalização relacionado com a obesidade entre crianças e adolescentes foi de 35 milhões de dólares. Este custo apresentou aumento expressivo entre 1997 e 1999, passando para 127 milhões de dólares. O sobrepeso na adolescência é um poderoso preditor de efeitos adversos à saúde na vida adulta, independentemente do peso na idade adulta. Um estudo de Wang et al. projetou os impactos econômicos a longo prazo da prevenção e redução do sobrepeso e obesidade em adolescentes, por intermédio de um modelo de progressão do impacto da redução de 1 ponto percentual do IMC em adolescentes, entre 16 e 17 anos. De acordo com os resultados, essa redução no IMC de adolescentes com sobrepeso e obesidade poderia reduzir o número de adultos obesos no futuro, o que resulta em diminuição dos cuidados médicos após os 40 anos em torno de 586 milhões de dólares. Os estudos relacionados à diminuição dos custos através do tratamento da obesidade, utilizando medicamentos ou cirurgia são escassos e, em virtude da variabilidade dos mesmos, não muito conclusivos.


Nutr. Thaís B. Ibitinga

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